Após forte reação sindical, Serpro recua de decisão que demitiria centenas de Auxiliares

A decisão do Serpro de demitir trabalhadoras e trabalhadores que ajudaram a construir a empresa pública foi recebida com ampla indignação e mobilização sindical em todo o país. A medida, anunciada após reunião da Diretoria Executiva da estatal, foi considerada pela Fenadados e por sindicatos um grave ato de ingratidão institucional e de apagamento de uma geração que foi essencial à história da tecnologia pública no Brasil.
Diante da reação imediata da categoria e da pressão nacional, o Serpro recuou da decisão para reavaliar o processo. No entanto, a Fenadados classificou a iniciativa disfarçada de “adequação de quadro” como uma demissão coletiva, com impactos profundos sobre a dignidade humana e sobre a concepção de empresa pública de tecnologia como instrumento de inclusão social e desenvolvimento. A federação aponta também o caráter antissindical da medida, já que a direção da empresa buscou implementar a decisão sem negociação coletiva formal e sem intervenção sindical prévia efetiva, contrariando o entendimento do próprio Supremo Tribunal Federal (STF).
Fenadados ressalta que se trata de um ataque à história e à memória do Serpro. Os auxiliares não são resquícios do passado — são parte viva da trajetória da empresa. Foram eles que garantiram, com zelo e profissionalismo, que o Serpro se tornasse uma das principais referências em tecnologia pública do país. Descartar essas pessoas é um ato de ingratidão institucional e de violência moral contra todos os trabalhadores.

Apesar do recuo do Serpro, trabalhadores seguem mobilizados
Diante da gravidade da situação, a Fenadados e sindicatos convocaram uma assembleia nacional virtual com participação de cerca de 1.100 trabalhadores. As entidades sindicais ressaltaram ainda que nenhuma atividade humana é obsoleta e que o caminho correto seria requalificar, realocar e valorizar os trabalhadores, reconhecendo os saberes acumulados e adequando os postos de trabalho às novas demandas da era digital. “Modernizar não é substituir pessoas. Uma empresa pública não pode adotar a lógica de descarte da iniciativa privada”, apontaram os dirigentes sindicais.
A Fenadados celebrou o recuo como vitória parcial dos trabalhadores, mas reforçou que continuará vigilante: “Seguiremos mobilizados até que haja compromisso formal de que nenhum trabalhador será desligado por motivo de ‘obsolescência’. O que envelhece não são as pessoas — são as gestões que perdem o sentido público de sua missão”, afirmou a entidade.

Compromisso com a função social
Para a Federação, este episódio revela a urgência de reafirmar o papel do Serpro como empresa pública estratégica, voltada à soberania digital e à transformação tecnológica com justiça social. “Não se pode falar em transformação digital do Estado sem respeito aos trabalhadores que o construíram. Requalificar é construir o futuro com dignidade; demitir é apagar a história”, conclui a Fenadados.