Secretário Salim Mattar calunia trabalhadores para justificar privatização do SERPRO e da DATAPREV

Em entrevista à Rádio Gaúcha (do Grupo RBS, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul) na manhã desta 3ª feira (21/01), o secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, acusou abertamente os trabalhadores do SERPRO e da DATAPREV de venderem os dados da população.

Sem qualquer tipo de prova e sem sequer ser questionado pelos jornalistas que o entrevistavam, Mattar relacionou a situação de cidadãos, que muitas vezes sabem do deferimento do seu pedido de aposentadoria quando financeiras ligam oferecendo crédito, ao repasse dos dados sigilosos da população pelos colegas do SERPRO e da DATAPREV. Ele declarou: “Empresa estatal não funciona bem. Você verifique que os nossos dados estão SENDO VENDIDOS PELOS SERVIDORES PÚBLICOS DESSAS ESTATAIS [SERPRO e DATAPREV]. Então nós temos que privatizar porque, se privatizar, tem legislação, poderemos processar essas pessoas, é muito diferente”. O que ele não disse é que existe controle social nas empresas públicas que permite investigação e punição para quem cometer falhas, enquanto no setor privado é difícil, inclusive, descobrir as fraudes quando elas acontecem.

CLIQUE AQUI para conferir o trecho da entrevista, disponibilizado pelo portal Capital Digital


É uma declaração totalmente irresponsável, mentirosa e indignante, mas que tem um objetivo político bem definido: o desvio de finalidade para enriquecimento ilícito e convencer a população de que a privatização de estatais é necessária para melhorar a prestação de serviços e, no caso do SERPRO e da DATAPREV, para garantir a segurança das informações.

A FENADADOS e os sindicatos que constroem a FNI adotarão todas as medidas judiciais cabíveis e representarão, junto à Procuradoria Geral da República por crime de
responsabilidade, desvio de finalidade e calúnia contra o sr. Salim Mattar. Basta de mentiras e calúnias contra os trabalhadores, que construíram e constroem as empresas DATAPREV e SERPRO, empresas que nunca tiveram vazamentos de dados da população.

O que Mattar esconde, de propósito, é que o vazamento de dados a que se refere foi descoberto em 2019 e, embora envolva o programa Hiscon, esse banco de dados só pode ser acessado nas agências ou no site do INSS com login e senha do usuário. Portanto, dificilmente tem envolvimento dos trabalhadores da DATAPREV – veja mais no link:


Durante a entrevista, Salim Mattar ainda disse que vazamento como este não ocorreria nas empresas privadas. “Precisamos privatizar a DATAPREV e o SERPRO com o objetivo de que a iniciativa privada, que é mais cuidadosa que as empresas públicas, não permita que esses dados sejam extrapolados, distribuídos no mercado como atualmente está acontecendo com a empresa pública. Está acontecendo isso porque é empresa pública, se fosse privada não aconteceria isso”, defendeu arduamente o banqueiro e empresário.

Mais uma vez, Mattar foi seletivo em sua fala para agitar a sua bandeira da desestatização e da privatização das empresas públicas. Ele ignorou os vários casos de vazamento de dados envolvendo empresas privadas de TI no mundo, a mais recente ocorrida no Equador, em que 18 GB de dados pessoais de cidadãos daquele país foram tornados públicos em 2019, atingindo cerca de 20 milhões de pessoas – mais detalhes neste link:

https://tecnoblog.net/307316/vazamento-dados-20-milhoes-cidadaos-equador


Vale lembrar que a DATAPREV e o SERPRO são empresas de excelência em TI pública no Brasil e no mundo, são lucrativas e premiadas entre as melhores do país em 2019 pela revista Exame.


O MITO de que os dados do PENTÁGONO (Estados Unidos) são gerenciados pela iniciativa privada


Esta é outra informação inverídica que vem sendo divulgada aos quatro ventos pelo governo privatista de Bolsonaro e que foi endossada pelo secretário Salim Mattar. Os dados do Pentágono são administrados pela ESTATAL de Tecnologia da Informação do órgão, a DISA (Defense Information Systems Agency), que, com 4.500 funcionários, desenvolve sistemas e contrata terceiros quando necessário, permitindo que o Estado americano faça parcerias tecnológicas sem abrir mão de sua soberania.

Em hora alguma o governo dos Estados Unidos falou em vender essa estatal, que cuida dos dados relativos à segurança nacional. O que os secretários do Governo Bolsonaro se referem é ao projeto JEDI, que trata da contratação de uma empresa para apoiar o Pentágono na melhoria de sua infraestrutura tecnológica visando armazenar dados na nuvem. A nuvem resultante do JEDI, apesar de ser desenvolvida pela empresa vencedora do contrato, estará sob o total controle do Pentágono.


Veja mais neste link, de um portal mantido e alimentado por trabalhadores do SERPRO e da DATAPREV, que são técnicos da área de TI e sabem do que falam:


O desvio de finalidade da privatização: quais os interesses que estão em jogo na privatização do SERPRO e da DATAPREV?


A privatização das empresas de tecnologia de informação (TI) públicas coloca em risco o sigilo e a segurança de dados estratégicos para o Estado e milhões de brasileiros (nas áreas da Receita, INSS, comércio exterior, segurança pública, licenciamentos de veículos, dentre outros). Em mãos privadas, a má utilização dessas informações configura grave risco à soberania e segurança nacionais. Mas existe outro aspecto, que vem sendo pouco discutido nesse processo de privatizações levado a cabo pelo atual governo, que é a PRIVATIZAÇÃO PRÉVIA DE ÁREAS ESTRATÉGICAS DE GOVERNO E DE ESTADO, que passam ao controle político e administrativo de representantes de grandes corporações empresariais, antecedendo a alienação dos ativos. É o que está acontecendo na área de TI estatal.

Veja abaixo, quem é quem entre os secretários:

FENADADOS e sindicatos filiados FNI, Sindppd-RS e Sindpd-SC